No outro lado da 'cor' está o encanto de uma vida.
O sonho cor-de-rosa é comum no pensamento, embora nem sempre essa cor signifique alegria, sucesso, … por vezes os castelos de areia ou mesmo de cartas podem funcionar melhor, uma vez que implicam já alguma actividade física para os construir. 
A ausência dos verdes e a existência de uma mistura intemperamental de amarelos, vermelhos ou “laranjas embaciantes” daqueles, nascer ou pôr de sol, obrigam a parar para pensar ou delongar o olhar para o horizonte nem que seja apenas por breves momentos numa consequência da actividade do pensamento que não pode ficar indiferente naquilo que os olhos vêem. 
Por vezes durmo, por vezes sonho ou mesmo acordo a dormir para sonhar numa vida secundária onde os elementos completos ou incompletos se misturam e me toldam a racionalidade das coisas, tal é a velocidade de mudança em ânsia de paixão, amor ou talvez carinho que "junto" no dia-a-dia, a tudo aquilo que meus olhos vêem abertos ou fechados.
O sonho, a capacidade de pensar e de transformar objectos em frames pontuais que significam realidades paralelas ou mesmo realidades "perpendiculares e aguçadas" que inquietam quem as vê; acaba por dar razoabilidade a todo um mundo, a toda uma multidão de pessoas que reage de maneira diferente perante a imensa paisagem da vida captada numa foto.
A ausência de cor, isto é, tal como a entendemos nos azuis, vermelhos ou amarelos garridos, por vezes parece-nos algo irreal, fora de contexto, mas se nos determos por momentos, mesmo que breves, em exercício puro e imaginativo da mente humana; então descobrimos a mesma realidade noutras realidades. Verdadeiros assomos de ambição em que a MISTURA DE “CINZENTOS” DA FOTOGRAFIA A PRETO E BRANCO assume um carácter lúdico que nos transporta para além da simples composição e disposição dos elementos.

(4) Texto, escrito no livro de presenças de uma exposição de fotografias a preto e branco, na qual vários amigos seus expunham as suas fotos.